Entre as discussões mais frequentes na comunidade FIRE, uma pergunta sempre surge: “Você não tem medo dos reajustes do plano de saúde?” ou “Eu já poderia me aposentar, mas decidi trabalhar mais um pouco para garantir uma folga no orçamento e poder pagar um plano de saúde mais caro na velhice.”
Minha resposta para essas questões costuma ser direta: “Se o medo de se aposentar agora é porque o plano de saúde vai custar R$1 mil a mais por mês no futuro, então é só juntar R$300 mil a mais para cobrir essa diferença!” Para quem não conhece, esse cálculo segue a famosa regra dos 4%.
Mas, claro, as coisas não são tão simples. Os planos de saúde não apenas têm os reajustes por faixa etária, mas também aumentos acima da inflação ano após ano. Dá para refinar melhor essas contas, e inclusive já escrevi sobre isso no meu extinto blog Sempre Sábado:
O que não tem remédio, remediado está
(post do dia 19/06/2020 no blog Sempre Sábado).
No meu post sobre antecipar a aposentadoria, recebi um comentário que destacava a inflação absurda dos planos de saúde. Confesso que, embora já tivesse pesquisado algumas opções para ter uma ideia de valores e incluir na minha planilha de aposentadoria, ainda não tinha refinado as contas para considerar essa inflação descontrolada e as mudanças de custo por faixa etária.
Decidi, então, ajustar os cálculos. E foi aí que cheguei a números tão absurdos que, pela primeira vez, entendi de fato a preocupação da comunidade FIRE com o tema saúde. Também passei a compreender melhor as pessoas que se mantêm em seus empregos por medo de perder o plano de saúde, rs. A conclusão que cheguei é: os números são tão desanimadores que justificam totalmente o título desse post.
Para exemplificar, fiz uma simulação com um plano de saúde razoável, que custa R$500 por mês para uma pessoa de 32 anos (como eu). A primeira coisa a considerar são os reajustes anuais. Descobri que a ANS limita o aumento dos planos de saúde individuais e familiares, mas mesmo assim, eles costumam ficar acima da inflação (em 2019, por exemplo, a inflação foi um pouco acima de 4%, enquanto o reajuste máximo permitido pela ANS foi de 7%). O problema é que praticamente não se encontra planos de saúde familiares no mercado devido a essa limitação dos reajustes.
As opções mais viáveis hoje são contratar um plano de saúde por adesão (vinculado à sua profissão) ou por meio de um CNPJ, e ambos não têm reajustes regulados. Ou seja, os aumentos podem ser astronômicos! Por “sorte”, meu marido tem uma empresa, então conseguimos cotar um plano via CNPJ, que ficou um pouco mais em conta do que por adesão. No entanto, logo veio a realidade: enquanto os planos familiares tiveram reajuste de 7% em 2019, os planos empresariais ou por adesão sofreram aumentos de até 20%! Em outro estudo, vi que os reajustes dos planos de saúde têm sido, em média, 10 pontos percentuais acima da inflação nos últimos anos. Isso realmente me fez repensar tudo.
Outra variável importante que incluí nas simulações foram os reajustes por faixa etária. Abaixo, coloquei os aumentos esperados por faixa de idade, com base em informações que encontrei no site da Amil:
– 34 anos: +5%
– 39 anos: +10%
– 44 anos: +25%
– 49 anos: +10%
– 54 anos: +25%
– 59 anos: +75% (!!!)
Com todas essas variáveis, joguei os números na planilha e calculei tudo a valor presente, assumindo uma inflação de 4%. E, considerando a taxa de retirada de 4% (que é o que pretendo usar na minha aposentadoria), o patrimônio necessário apenas para cobrir o custo do plano de saúde — que hoje custa R$500 por mês, mas vai sofrer reajustes de 10 pontos percentuais acima da inflação e todos esses aumentos por faixa etária — seria de incríveis R$8 milhões. Sim, só para o plano de saúde! E ainda precisaria de mais recursos para os outros gastos.
Mais surpreendente ainda foi perceber que, quando eu chegasse aos 59 anos, meu gasto com plano de saúde representaria 80% das minhas despesas mensais!
Essas contas me levaram a duas conclusões:
1. No meu caso, trabalhar um ou dois anos a mais para garantir esse custo seria inútil (na verdade, eu precisaria de décadas a mais para isso).
2. Claramente, o sistema de planos de saúde no Brasil terá que passar por uma grande reforma ou redesenho.
Minha aposta é que o modelo migre para um sistema de franquias, como ocorre em alguns países, onde os preços são muito mais acessíveis. Afinal, não faz sentido que apenas pessoas FIRE estejam preocupadas em pagar planos de saúde, enquanto o restante da população e as empresas continuem pagando esses valores abusivos sem questionar. Eventualmente, o produto se tornará inviável.
Assim, a melhor solução para o meu caso parece voltar à ideia inicial: buscar a aposentadoria cedo mesmo. Dessa forma, terei mais tempo para cuidar da minha saúde, menos estresse no trabalho e, consequentemente, uma vida mais saudável. Isso sim está sob meu controle. Todo o resto é ilusão.
Em 2020, cheguei à conclusão, descrita no título deste post: não havia o que fazer. O plano de independência financeira ficava praticamente inviável se eu quisesse garantir que conseguiria arcar com os reajustes crescentes do plano de saúde, tanto em relação à inflação quanto aos aumentos por faixa etária.
Pensei em refazer as contas para trazê-las mais atualizadas, mas a verdade é que a conclusão seria a mesma: garantir uma aposentadoria à prova dos reajustes abusivos dos planos de saúde custa caro. Muito caro.
Nos últimos tempos, meu passatempo favorito na aposentadoria tem sido estudar filosofia. Então, decidi abordar esse tema sob uma perspectiva mais filosófica, deixando de lado os números e partindo para uma reflexão que, acredito, pode ser igualmente útil para lidar com esse temor tão comum entre aqueles que buscam a independência financeira.
Tudo o que vou compartilhar aqui é fruto das minhas reflexões inspiradas pelo episódio Afeto, psicanálise e política do Café Filosófico, que contou com a presença brilhante do filósofo Vladimir Safatle e da psicanalista Maria Rita Kehl.
Se você se desanimou (ou se animou) ao ver a palavra “política” no título do episódio, achando que essa seria uma discussão sobre políticas públicas para a saúde, fique tranquilo. Não é sobre o que os governos podem fazer por nós, mas sim sobre o que nós podemos fazer por nós mesmos para acalmar o coração diante do medo de não conseguir pagar o plano de saúde na velhice.
Por que esse episódio me chamou atenção? Porque ele trata justamente sobre o medo. E, considerando a quantidade de comentários na finansfera que relacionam o medo com o futuro dos planos de saúde, percebi que essa discussão caberia perfeitamente aqui.
O episódio começa discutindo o desamparo e como ele pode ser angustiante. E a primeira reflexão que isso me trouxe, pensando no sistema de saúde, foi sobre as garantias que buscamos. Eu mesma senti um grande alívio quando, contrariando minhas previsões do post de 2020, consegui encontrar um plano de saúde familiar cujos reajustes são regulados pela ANS. Foi reconfortante sentir que uma instituição estaria ali, oferecendo algum amparo contra reajustes abusivos.
No entanto, como mencionei no meu texto no Sempre Sábado, mesmo esses reajustes regulados pela ANS ficaram bem acima do IPCA nos últimos anos. Ou seja, esse amparo é limitado, e o desamparo, embora atenuado, ainda persiste.
Voltando ao episódio, Vladimir Safatle entende bem a necessidade humana de querer eliminar o desamparo, mas ele propõe uma abordagem diferente, inspirada por Freud: a ideia de “assumir o desamparo para se libertar da servidão.”
Minha mente viajou longe nesse momento. Pensei tanto nas pessoas que se mantêm em uma espécie de servidão, presas ao trabalho apenas para garantir o plano de saúde, quanto naquelas que se apoiam na ideia de que os outros precisam resolver seus problemas. Claro, isso até pode acontecer, mas você provavelmente pagará um preço por isso — e esse preço, muitas vezes, vem na forma de servidão.
Vladimir continua dizendo que “assumir o desamparo é uma condição para sabermos como agir diante de acontecimentos contingentes, que quebram nossa estrutura de previsão.”
Aqui, vale lembrar: “contingência” é a palavra que os filósofos usam para se referir ao acaso — à sorte ou ao azar. Em outras palavras, são as coisas que estão fora do nosso controle e que não podemos prever.
E é exatamente assim que vejo a questão dos planos de saúde. O melhor a fazer é aceitar o desamparo e agir da melhor maneira possível com as cartas que temos.
Mas, será que trabalhar até o fim da vida — ou pelo menos até juntar os R$8 milhões que mencionei anteriormente — seria realmente a melhor opção? Na minha visão, não. Isso seria ceder à servidão.
Vladimir também comenta que “nos deixamos colonizar por uma imaginação limitada, profundamente influenciada por dois afetos que nos restringem: o medo e a esperança. (…) o que esses dois afetos têm em comum é a relação com o tempo, marcada pela expectativa. O medo é a expectativa de um mal por vir, e a esperança é a expectativa de um bem por vir.”
Foi aqui que fiz a conexão com tantas pessoas na comunidade FIRE que, por medo de não ter o suficiente no futuro, acabam não abraçando a independência financeira. Elas preferem a esperança de que trabalhar mais um pouco trará toda a segurança que desejam. Duas crenças limitantes que, no fundo, apenas reforçam o ciclo de servidão.
Veja bem, não estou aqui dizendo para vocês abandonarem os cálculos. Pelo contrário, eu defendo que vocês planejem, façam as contas, e só se aposentem quando tiverem um patrimônio equivalente a 25 vezes seus gastos anuais.
Mas essa busca incessante por detalhes — por garantir o plano de saúde, ou até a faculdade de medicina de um possível filho (é incrível como esse é outro medo recorrente), ou a ideia de acumular tanto dinheiro que não precisará mais se preocupar com orçamento — é uma imaginação limitada. Ela é movida pela esperança de que um dia você vai sentir que tem o suficiente.
E é nesse ponto que Vladimir Safatle traz a discussão mais interessante de todo o episódio: “Esses afetos (medo e esperança) são tão bloqueadores porque é preciso ter a capacidade de agir sem saber, de antemão, como responder aos acontecimentos. Os acontecimentos produzem novos sujeitos.“
Essa verdade me toca profundamente hoje. Quando a aposentadoria era apenas um sonho distante, eu sabia que minha vida seria diferente, mas era impossível prever como exatamente. Eu planejei me aposentar vivendo com meu marido em um apartamento de 27m². Algo que muitos criticavam, mas que eu via como uma troca necessária pela minha liberdade.
O que eu não podia prever era que a aposentadoria me abriria novas oportunidades de trabalho, gerando uma nova fonte de renda. E, com isso, eu poderia viver em um apartamento maior e mais confortável com meu marido.
O acontecimento da aposentadoria produziu uma nova Lilian. Uma Lilian que quis o conforto de um espaço maior, mas que provavelmente só desejou isso porque encontrou uma nova fonte de renda que me permitiu equilibrar uma relação mais saudável com o trabalho.
Quando as pessoas tentam antecipar o que farão caso algo saia do plano, Vladimir lembra: “Nem nós seremos as mesmas pessoas. Você nunca vai conseguir de fato projetar ou prever o que será feito, porque há também o medo de se tornar outra pessoa.”
Já escrevi antes que o verdadeiro segredo da vida FIRE é a nossa eficiência com o dinheiro. Muitos focam nas discussões sobre investimentos ou nas contas da aposentadoria, mas o verdadeiro tesouro da vida FIRE é que ela nos ensina a sermos mais sábios financeiramente. Ensina que a felicidade não está no consumismo, e sim na capacidade de sermos felizes com menos.
É nesse ponto que reforço a conclusão que cheguei no texto do Sempre Sábado. A grande maioria das pessoas não consegue poupar nem 10% de sua renda. Elas esperam uma grande bolada, um aumento astronômico no salário, acreditando que só assim ficarão ricas. E, quando chegam à aposentadoria, muitas vezes não têm nenhum patrimônio, dependendo do INSS ou dos filhos para pagar as contas.
Enquanto isso, na comunidade FIRE, temos pessoas que adotam uma taxa de poupança entre 50% e 70%, que já demonstraram sua capacidade de gerar alta renda e viver felizes com um custo de vida baixo. São pessoas que, muitas vezes, já atingiram seu primeiro milhão aos 30 anos e que entendem que dinheiro não aceita desaforo. Elas sabem que viver com um orçamento e aprender a driblar desejos consumistas é a forma mais sábia de viver.
São essas pessoas que não conseguirão arcar com o plano de saúde?
Voltando ao episódio, Vladimir Safatle faz uma distinção interessante entre esperança e confiança. Ele diz: “A esperança é uma expectativa em relação ao futuro, que pode ocorrer ou não. Quem tem esperança também tem medo de que não ocorra. É impossível ter esperança sem medo. Já a confiança é de outra natureza. Não é que eu espero que algo aconteça. Confiança é acreditar que nada do que me ocorrer vai me despossuir completamente da capacidade de agir. Eu não preciso projetar.”
Uau, que raciocínio fantástico! Eu não tenho esperança de que as pessoas FIREs irão conseguir arcar com o plano de saúde na velhice. E eu nem preciso projetar. Porque eu confio na habilidade que essas pessoas desenvolveram ao longo da vida. São elas que saberão o que fazer. São elas que encontrarão uma saída.
A vida FIRE molda sujeitos que sabem lidar melhor com o dinheiro.
Recentemente, o Ramit Sethi publicou um vídeo chamado The Problem with the FIRE Movement. Embora eu esteja um pouco cansada dessas críticas rasas que surgem em vídeos curtos, gosto o suficiente do Ramit para dar uma chance.
E qual não foi minha surpresa ao perceber que, apesar do título provocativo, ele na verdade curte o movimento? A crítica é a de sempre: as pessoas ficam tão obcecadas em economizar que perdem de vista o objetivo final. É uma crítica válida, que realmente merece atenção. Mas, no próprio vídeo, ele afirma: “O FIRE mostra como você pode assumir o controle do seu dinheiro e viver a vida que você deseja. Eu amo isso.“
Aprender a assumir o controle do dinheiro é uma habilidade que nós, membros da comunidade FIRE, desenvolvemos. E que habilidade melhor poderíamos ter para garantir que saberemos nos adaptar aos novos acontecimentos da vida, mesmo os desafiadores?
Eu nem cheguei a explorar um terço do episódio do Vladimir e da Maria Rita aqui no post, mas ele já ficou extenso o suficiente para concluir. Ainda assim, recomendo fortemente que você assista ao episódio completo. Há várias outras analogias interessantes que poderiam ser feitas.
O grande recado deste post é: eu não tenho medo de não conseguir arcar com meus custos de saúde na velhice, e também não vivo na esperança de que sempre conseguirei pagar meu plano de saúde. O que eu tenho é confiança. Confiança de que sou capaz de lidar com os imprevistos financeiros, porque já conquistei algo muito desafiador: a aposentadoria antecipada. E se você está no caminho FIRE, eu também confio que você desenvolverá a mesma capacidade!
24 respostas
Como você escreve bem! devia pensar em publicar um livro!
Eu enxergo os planos de saúde quase como um esquema de pirâmide, em que os mais novos (em maior numero e que utilizam pouco) acabam sustentando os gastos maiores dos mais velhos. Não é uma critica aos idosos, eles usam mais porque precisam… Acho que esse modelo não vai se sustentar por muito tempo, será preciso uma nova abordagem… vai chegar um momento em que a base da piramide vai diminuir muito, pelo envelhecimento da população e tambem porque os mais novos não vão conseguir pagar o plano…
Uma coisa que sempre procuro fazer é uma “poupança de saude”, desenvolver bons habitos. Tenho vontade de comer sanduiche com bacon e manteiga, mas como isso deve entupir as coronarias daqui a 15 anos, substituo por sanduiche com queijo magro e frango grelhado, pelo menos algumas vezes…
Melhor comprar uma bola de basquete, fazer aula de artes marciais do que gastar a mesma grana comprando remedios para diabetes ou coronariopatia no futuro. Desde que a pessoa não exagere e frature o punho ou rompa os ligamentos do joelho, aí se não tiver plano de saude estará em apuros, kkk!
O livro está sendo escrito sim ;) mas no seu tempo! Quando estiver pronto, venho aqui comunicá-los, sem dúvida!
Adorei sua reflexão. Tb acho que esse tipo de modelo está com os dias contados!
E essa sua “poupança” da boa saúde é fundamental mesmo.
Bons hábitos é muito melhor pra saúde do que ter um plano que cobre Einstein ;)
Sempre tive certeza de que uma consulta médica particular ou um exame não quebram a família, o problema é mesmo o caso de uma doença grave, uma internação ou UTI. Neste caso, quebra até as gerações seguintes… rs … não sei se há alternativa de planos que cubram justamente (e apenas) isso, deixando consultas e exames de fora. Ou então bancar consultas e exames pagando particular e usar o SUS para esses casos mais graves, que é justamente onde ele funciona melhor.
Essa discussão é boa! Realmente, o mais caro são as internações e tratamento de doenças graves. Algo que os planos hospitalares, por exemplo, ou a opção de fazer um seguro saúde, ao invés de um plano, já ajudaria.
Desde 2000 o reajuste autorizado para planos individuais ficou em media (CAGR) 2,3% acima da inflacao. Eu uso 3% nos meus calculos.
Período de aplicação Reajuste IPCA(%)
maio/2023 a abril/2024 9,63%
maio/2022 a abril/2023 15,50% 5,79
maio/2021 a abril/2022 -8,19% 10,06
maio/2020 a abril/2021 8,14% 4,52
maio/2019 a abril/2020 7,35% 4,31
maio/2018 a abril/2019 10,00% 3,75
maio/2017 a abril/2018 13,55% 2,95
maio/2016 a abril/2017 13,57% 6,26
maio/2015 a abril/2016 13,55% 10,67
maio/2014 a abril/2015 9,65% 6,41
maio/2013 a abril/2014 9,04% 5,91
maio/2012 a abril/2013 7,93% 5,84
maio/2011 a abril/2012 7,69% 6,5
maio/2010 a abril/2011 6,73% 5,91
maio/2009 a abril/2010 6,76% 4,31
maio/2008 a abril/2009 5,48% 5,9
maio/2007 a abril/2008 5,76% 4,46
maio/2006 a abril/2007 8,89% 3,14
maio/2005 a abril/2006 11,69% 5,69
maio/2004 a abril/2005 11,75% 7,6
maio/2003 a abril/2004 9,27% 9,3
maio/2002 a abril/2003 7,69% 12,53
maio/2001 a abril/2002 8,71% 6,84
maio/2000 a abril/2001 5,42% 7,04
https://www.gov.br/ans/pt-br/assuntos/noticias/beneficiario/ans-limita-a-6-91-o-reajuste-dos-planos-individuais-e-familiares
Plano de saúde? Vc mora nos EUA?
Meu plano de saúde é o SUS. Que alias todos falam mal mas já salvou minha mãe duas vezes, meu tio, sobrinho e sempre está lá quando precisei. É só saber usá-lo e onde usá-lo
Foram exatamente as despesas com saúde que sepultaram os meus planos de aposentadoria antecipada. Da forma em que as coisas estão caminhando, com o envelhecimento da população, acredito que em breve o convênio médico será algo inacessível para a classe média. Meus planos são de uma “aposentadoria parcial”, a partir do 40 anos, trabalhando 30h, e me valendo da educação financeira para viver dentro do orçamento. Não pretendo parar de trabalhar totalmente nunca, devido aos altos custos com alimentação e saúde. Acredito que vale a pena manter um trabalho com carga horária reduzida, só pra manter os benefícios (VA e convênio).
Olá Lilian, bom dia
Um ótimo texto, com reflexões mais profundas do que uma complexa planilha/simulação.
Possuo a percepção que a sociedade possui uma percepção exagerada sobre o sentimento do medo. E que esse exagero conduz a subserviência num estado quase incondicional.
Trabalho num ambiente corporativo e ainda percebo colegas de trabalho que se sujeitam as “algemas de ouro”. Considero-me uma pessoa observadora e percebo de maneira bem cristalina, o medo durante as conversas no cafezinho.
Abraços,
Essas algemas de ouro são perversas! A falsa sensação de segurança que muita gente cai…
Parabéns pelo post! Reflexões profundas. No futuro nem você nem os planos de saúde serão os mesmos.
Exatamente! É futurologia ;)
Oi Lilian. Muito boa reflexão!!
Com certeza o plano é uma das grandes preocupações, até para quem não participa do movimento FIRE. Trabalho em uma empresa estatal e é comum as pessoas dizerem que pensam em ficar até aposentar pelo INSS somente por conta do plano de saúde, ja que hoje há a expectativa de manter o plano após a aposentadoria. No meu caso, pensar em esperar mais 25 anos para manter o plano ao se aposentar pelo INSS parece impensável, até pq até lá tanta coisa pode acontecer e o plano não ser mantido. É o ponto que vc comentou, de se manter na servidão para ter a esperança de uma segurança de manter um plano, embora após todos esses anos pode ser que essa expectativa se frustre. Até ser FIRE (que acredito que deve ser em alguns anos) e tomar uma decisão quanto ao meu emprego (que envolve também a coragem de pedir demissão de um emprego concursado) vou buscando alternativas, tais como um plano mais simples ou que seja regulado pela ANS, como vc comentou.
Que loucura isso né Rodrigo. E é só uma esperança!
Se esse crescimento muito acima da inflação continuar, é claro que o governo tb não vai conseguir arcar com o plano de saúde dos aposentados.
Não é garantia de nada essa estratégia né?
Excelente post, AA30!
Você teria dicas para a procura de um plano de saúde? Sei que existe possibilidade de portabilidade atualmente, mas me sinto um pouco perdido nessa busca.
Parece-me um mercado um bocado opaco em que não sei a melhor forma de buscar a informação e confiar nela. Se fosse algo como comparar planos de previdência abertos, seria tão mais fácil!
Abs,
Oi AF!
Minha sugestão é ter um bom corretor de plano de saúde da sua região.
Um especialista na área sabe quando os planos estão com descontos, e te ajudam nessa questão da portabilidade.
É uma ótima forma de driblar os reajustes absurdos de um ano pra o outro!
O movimento FIRE é um pouco estoico…segue Marco Aurélio
Mas eu ainda me vejo mais do lado dos que tem “medo” e que precisam de um plano B pra quase tudo.
Na minha planilha considerei como meu custo de vida o valor do plano de saúde de alguém com mais de 80 anos hoje e não o valor do meu plano de saúde atual.
Eu acho uma ótima opção!
Controlar pelos reajustes de faixa etária, parece chegar em números mais factíveis.
O duro é querer controlar por um reajuste sempre (muito) acima da inflação.
Aí os números ficam tão absurdos, que impedem o FIRE mesmo!
Estou como a Ana. Tenho muito medo de não ter um bom plano de saúde. Ter tempo hoje pra cuidar da saúde e isso ser fator de prevenção (e economia é um bom plano). Contar com o SUS pode não ser tão precário como se imagina. Mas já tive um câncer. E a diferença brutal dos tratamentos disponíveis no privado versus SUS só reforçam meu medo e “prisão” por “algemas de ouro” até ter uma poupança que me permita ter um bom plano. Muito muito difícil essa equação.
lindo post. gostei da reflexão. por coincidência passando um pente fino nos meus gastos na semana passada vi que meu 3o maior gasto é o plano de saúde (hospitalar apenas) no Brasil, país onde não moro há 4 anos e onde não passo nem 30 dias por ano. detalhe que meu 4o maior gasto é meu plano de saude top de linha no país onde vivo, que cobre uma pequena fortuna para ser usado no exterior (inclusive no Brasil)! me senti muito refém do medo de gastar tanto dinheiro com seguros saúde, principalmente com um plano chulé e caro que uso para exames 1x ao ano. estou preparando a alma para soltar a mochila de ter essa cobertura no brasil no ano que vem, já que ele nao pode ser cancelado antes disso, e sair dessa servidão.
oi flor!
que bom que já está enxergando isso como uma servidão / medo em excesso!
Quando a dor de ficar é maior que a dor de mudar, a gente muda!
Já perguntei à minha terapeuta como é estar diante de tantas pessoas com problemas aparentemente insolúveis. Ela me respondeu que confia na alma que senta à sua frente e na capacidade dessa pessoa de expandir a consciência e encontrar novos caminhos. É sobre isso, né, amiga? Parabéns. Texto maravilhoso.
Que lindo isso!
É sim sobre sempre ser capaz de encontrar novos caminhos ;)
Olá
Fazer as contas para chegar a um número mágico na planilha é fácil, chegar lá é complicado, mas chegar lá e manter o espirito de improvisar e refletir sobre escolhas é o mais duro. A vida se move e a gente também querendo ou não.
Exatamente!
A dinâmica da vida impede essa segurança completa que tantos tem esperança de conquistar um dia…