Desafio do Mês: Aumente Sua Taxa de Poupança!

Por Que Um Desafio?

Porque sei que estou lutando contra uma avalanche de pessoas e mensagens que berram aos nossos ouvidos e inundam nossas mentes com a ideia de que precisamos consumir para ser felizes.

Como diz Tim Ferris, as pessoas não querem apenas um milhão no banco. Elas querem o estilo de vida que um milhão no banco supostamente deveria proporcionar.

E digo o mesmo sobre o consumo. Ninguém quer comprar por comprar. O objetivo final de todos é ser feliz. E achamos que, comprando mais e gastando mais, a felicidade vem.

A consequência disso tudo já era mencionada no filme Clube da Luta: “A gente gasta dinheiro que não tem, para comprar coisas que não precisamos”.

Repita comigo: você não precisa consumir para ser feliz.

Eu sei, você ainda não está convencido. Isso parece mais um post da Aposentada aos Trinta que se aposentou cedo demais e agora quer se justificar dizendo que vive uma vida maravilhosa contando centavos. Esse é o comentário maldoso que mais me faz perceber que algumas pessoas ainda não entenderam.

E é por isso que decidi criar uma série em forma de desafio. Percebi que não basta eu escrever um post com dicas de economia.

Não, eu preciso escrever algo que vá além.

Algo que mostre que não gastar dinheiro pode melhorar sua vida. E não é só porque economizando você consegue poupar e investir, e com o tempo não precisa mais trabalhar para pagar as contas. Mas também porque essa economia vai te fazer uma pessoa mais feliz hoje!

Não acredita? Então vamos ao passo a passo de como aumentar a sua taxa poupança, gastando menos e vivendo mais!

Passo número 1 – Defina o seu objetivo

Poupar dinheiro pode ser chato. É muito mais fácil viver uma vida em que você simplesmente não se preocupa com dinheiro.

Então por que devemos poupar? Porque dinheiro permeia quase tudo na nossa vida. E provavelmente você tem objetivos de vida que a falta de dinheiro te impede de realizar.

O primeiro passo para começar a gastar menos é definir o seu objetivo: onde você quer chegar?

E se você quer chegar lá com alguém, é fundamental que você faça esse exercício com o seu parceiro. Esse primeiro passo é o mais fácil e vai ser ótimo sonhar junto com ele.

Desenhe o estilo de vida que você gostaria de viver. Descreva quais as metas você ainda quer conquistar nessa vida. Seja o mais detalhista possível.

Como foi o processo para mim?

No meu caso, o objetivo principal era viver uma vida diferente da que eu estava vivendo, que basicamente era trabalhar 12 horas por dia e ter apenas 30 dias de férias por ano para viver como eu gostaria.

O que eu queria era mais tempo. Tempo com meus amigos e familiares, fazer atividade física, estudar coisas novas, desenvolver novos hobbies e viajar mais.

E o que me impedia de viver essa vida maravilhosa naquele momento? O dinheiro.

Eu precisava trabalhar para pagar as minhas contas. Foi então que percebi que, se eu conseguisse elevar a minha taxa de poupança e investir boa parte do meu salário, em alguns anos eu teria acumulado um patrimônio suficiente para viver da renda dele. E aí sim me sobraria tempo para viver a vida que eu queria, sem me preocupar em pagar as contas no final do mês.

O meu objetivo era esse: atingir a minha independência financeira, e eu queria chegar lá o mais rápido possível.

Era para isso que eu precisava poupar.

Como isso vai deixar a sua vida melhor?

Você precisa entender que não é sobre o dinheiro. É sobre o que você quer da vida.

A maioria das pessoas está programada para trabalhar em empregos que não gostam, até atingir os 65 anos de idade e se aposentar para viver com o que talvez tenham de dinheiro ou então depender dos outros (normalmente, do governo ou dos filhos).

Essa não é uma vida desejável.

Essas vidas se materializam porque a grande maioria não parou no passado para desenhar a vida dos sonhos. E quando a gente não sabe onde quer chegar, qualquer caminho serve.

Ter um objetivo claro te faz feliz hoje. Mesmo que esse objetivo demore anos para conquistar, hoje você já colhe os frutos de saber que tem uma direção. Você sabe por que trabalha tanto pelo seu dinheiro, e isso ajuda a tornar o dia a dia mais tolerável.

Passo número 2 – Liste todos os seus gastos dos últimos 3 meses

Depois que definimos aonde você quer chegar, precisamos saber qual é o seu ponto de partida.

É fundamental saber quanto você está acostumado a gastar, e a melhor forma é olhar para os seus gastos dos últimos 3 meses. Se você estiver empolgado, pode ir além e listar todos os seus gastos dos últimos 12 meses.

Listar todos os seus gastos dá um pouco de trabalho. Mas não pule esta etapa. Confie na experiência da Aposentada aos Trinta e acredite que saber para onde o seu dinheiro foi trará muita clareza sobre a sua vida financeira.

Ah, e abra a “caixa preta” do cartão de crédito. Veja o que tem lá dentro: quais gastos são mais recorrentes, quais são gastos elevados. Se houver algo que você simplesmente não se lembra, já é um ótimo sinal de que está gastando com algo que não é importante para você.

Como foi o processo para mim?

Quando comecei a listar meus gastos, percebi que estava gastando 100% do que ganhava. Apesar de achar que economizava, o pouco que sobrava era gasto em viagens no final do ano. Só percebi isso quando encarei minhas finanças de frente.

Ao analisar meus extratos bancários e faturas de cartão de crédito, encontrei várias despesas recorrentes que eu não havia notado, como assinaturas de serviços que quase não usava. Cancelei assinaturas desnecessárias e reduzi gastos supérfluos, como refeições fora de casa.

Essas mudanças, embora pequenas, começaram a fazer uma diferença significativa no meu orçamento.

Como isso vai deixar a sua vida melhor?

Saber como você gasta é essencial.

Estamos constantemente abrindo mão dos nossos objetivos de longo prazo por desejos de curto prazo.

E isso causa culpa.

O que mais ouço nas sessões de consultoria são pessoas que sentem culpa ao gastar dinheiro. A culpa vem porque elas sabem que poderiam fazer melhor com o dinheiro delas.

Quando você lista seus gastos e encara suas finanças de frente, fica muito mais fácil entender por que gastou o que gastou. Muitas coisas vão parecer inúteis, o que ajudará a evitar os mesmos gastos no futuro.

Saber que você já reconhece seus gastos inúteis ajuda a amenizar a culpa de gastar com aquilo que realmente importa.

Passo número 3 – Revise suas assinaturas

Nós vivemos na era do “é só R$29 por mês!”.

A consequência disso? Muita gente acumulando dezenas de assinaturas de streaming, aplicativos, cursos (que não fazem), e todo tipo de coisa.

Pare de pensar que é só R$29 por mês. Tem muita gente ficando pobre porque tem vários gastos de R$29. Eu já fiz um post intitulado “Pequenas economias, grande fortuna” mostrando como você pode ficar milionário só evitando essas despesas.

Passe um pente fino nas suas assinaturas e fique com apenas uma. Sim, é isso mesmo que você ouviu, só uma.

Como foi o processo para mim?

Eu só assino um serviço de streaming por mês e pago a assinatura premium do YouTube, porque é uma fonte rica de conteúdo para uma nerd como eu. E nunca paguei por um curso online.

Mantenho uma lista de séries favoritas dos meus amigos no meu celular. Funciona assim:

– Hoje eu estou pagando HBO.

– Quando um amigo fala de uma série imperdível na Apple TV, anoto o nome da série e Apple TV ao lado.

– Quando chega a data de renovar minha assinatura da HBO, decido se migro para um novo serviço que tem várias séries na minha lista ou se continuo com o meu serviço atual.

Simples assim. Se a série que te indicaram for boa mesmo, ela não vai deixar de ser boa no mês seguinte.

Como isso vai deixar a sua vida melhor?

Nós estamos exaustos.

A vida moderna se tornou complexa demais e sofremos de FOMO (medo de perder algo). Ouvimos nossos amigos falando de séries imperdíveis, de cursos que mudaram a vida deles, de aplicativos que você precisa ter.

Mas essa é a vida deles, não a sua.

O seu tempo é limitado e você provavelmente não dá conta de aproveitar tudo que você paga. Tentar viver a vida de todo mundo nos deixa exaustos e nos impede de viver a nossa vida de forma única e customizada para nós.

Comece hoje mesmo a revisar suas assinaturas e veja como pequenas mudanças podem gerar grandes economias!

Passo número 4 – Faça um detox de compras

Nós somos viciados em comprar. E qual é um método eficiente de cura para viciados? Uma desintoxicação.

É muito mais difícil se livrar dos nossos vícios aos poucos, então eu proponho que você elimine esse vício de uma vez fazendo um detox de compras por um tempo. Você pode decidir ficar 1 mês, 3 meses ou até mesmo um ano sem comprar nada.

Isso vai te obrigar a ser mais consciente em relação às suas compras e perceber que menos é mais.

Depois de passar pelo detox, a sua relação com o consumo vai mudar e você nunca mais vai desperdiçar dinheiro comprando coisas inúteis. E se quiser uma inspiração extra, leia o livro “E se eu parasse de comprar?” da Joana Moura. As reflexões dela são perfeitas para que você mude de vez a sua relação com o consumo.

Como foi o processo para mim?

Eu fiquei um ano sem comprar nada de agosto de 2016 até agosto de 2017. E foi uma experiência incrível. O meu detox incluía qualquer objeto, desde roupas até itens para a casa. Eu aprendi a me virar com o que eu tinha em casa.

Desde então, eu mantenho um guarda-roupa enxuto, com poucas peças boas que combinam entre si, e eu nunca mais perdi tempo. Ah, e eu nunca mais vi viagens como sinônimo de compras. Eu viajo com mala de mão, mesmo para viagens internacionais. E coleciono memórias e fotos nas viagens, e não mais objetos.

Como isso vai deixar a sua vida melhor?

Nosso vício em consumo vem da falácia de acreditar que consumo traz uma felicidade duradoura. Mas não traz. Consumo é, na verdade, uma alegria temporária.

Ter muitas coisas atrasa a sua vida. Quantas vezes você já não ficou horas na frente do seu guarda-roupa sem conseguir escolher o que vestir? Aí você vai ao shopping, compra uma peça nova, mas passa um tempo e a sensação de eu-não-tenho-o-que-vestir volta com toda força.

Nós sofremos do viés da adição. A gente pensa que para resolver nossos problemas, a gente tem que adicionar mais coisas. Mas a verdade é que a maioria deles são resolvidos eliminando coisas.

Elimine o excesso de coisas na sua vida e viva o prazer de uma vida mais simples!

Passo número 5 – Descubra o mercado de usados

Se você não conseguir encarar um detox total de compras, que tal trocar por um detox de coisas novas? Fique um ano inteiro só comprando coisas usadas.

Existem inúmeros sites destinados ao mercado de usados.

Para roupas, os meus preferidos são o Enjoei Pro e o Repassa. Esses sites fazem uma curadoria prévia das roupas, então a chance de você comprar um “mico” é bem menor. Ah, e o Enjoei Pro tem um esquema de desconto progressivo que derruba ainda mais o preço das peças.

Para as demais coisas, eu uso a OLX ou grupos de WhatsApp. Converse com seus amigos, e eles provavelmente terão algum para te indicar.

Ah, e se você quiser desapegar das suas coisas, você pode vendê-las nesses sites também. E aproveitar para fazer uma graninha extra!

Como foi o processo para mim?

O meu melhor exemplo sobre o uso do mercado de usados é quando eu quis trocar o meu Kindle. Eu tinha um Kindle velho, em perfeito estado, mas que não tinha luz interna. E isso estava me fazendo falta. Um Kindle novo com luz interna custava R$400 na época. Então eu decidi anunciar o meu velho por R$150 na OLX. E depois que eu vendi, eu comprei outro com luz interna, também pela OLX, e paguei R$300. Eu poderia ter gasto R$400 mas, no final, gastei apenas R$150.

Como isso vai deixar a sua vida melhor?

Comprar no mercado de usados é uma atitude virtuosa.

Nosso excesso de consumismo está destruindo o mundo. Eu sei, eu sei, se só você (e os leitores desse blog) pararem de comprar coisas novas, o mundo ainda assim não estará salvo. A gente precisa de mais gente no jogo.

Mas é imprescindível que você faça a sua parte.

O estilo de vida que eu descrevo aqui no blog é um estilo de vida mais sustentável para o seu bolso e o mundo. Então não veja isso como uma vida de privação. É sim uma vida mais virtuosa. Orgulhe-se de viver assim!

Passo número 6 – Faça com as próprias mãos

Pagar por serviços é algo relativamente barato no Brasil quando comparado com o restante do mundo. E a gente abusa disso. A gente paga para limparem a nossa casa, vamos ao salão fazer as unhas toda semana, pagamos para consertar qualquer tipo de coisa quebrada por nós. Isso são luxos dos brasileiros. Isso mesmo, LUXOS. Você não precisa deles.

A maior parte das pessoas de classe média dos países ricos não pagam por esses luxos. Eles fazem com as próprias mãos. Se eles fazem, você também consegue!

Ah, e se isso for exigir demais de você, então que tal espaçar mais esses serviços? Faça as unhas a cada quinze dias, chame a faxineira uma vez por mês. Isso já vai te ajudar a economizar muito dinheiro!

Como foi o processo para mim?

Eu sou muito adepta ao estilo ‘do it yourself’ e o YouTube é meu maior parceiro (por isso eu pago feliz o pacote Premium).

Eu corto meu próprio cabelo e limpo minha casa sozinha. Eu aprendi a fazer crochê e me diverti fazendo um casaco que provavelmente custaria R$1 mil na loja. Quando eu e meu marido nos mudamos para o Studio, a gente tinha muito tempo livre e reformamos o Studio sozinhos. A gente pintou as paredes, colou o piso vinílico e meu marido até se aventurou na marcenaria e fez o nosso gabinete do banheiro.

Isso já economizou centenas de milhares de reais para mim. Sim, você leu certo. É uma economia na casa dos R$100 mil.

Como isso vai deixar a sua vida melhor?

Esse é um ponto que deixa a sua vida melhor em dois aspectos: aumenta sua satisfação com a vida e te economiza tempo!

Existe um efeito psicológico super interessante que é chamado de “o efeito IKEA”. O nome é uma referência à famosa loja de móveis sueca IKEA, conhecida por vender produtos que os clientes montam sozinhos em casa. Infelizmente, não existe IKEA no Brasil, mas existe o site Madeira Madeira, que usa o mesmo estilo do IKEA e foi responsável por todos os móveis da minha casa atual.

Imagine-se montando um móvel do zero. Você começa com um manual cheio de figuras enigmáticas e parafusos aparentemente infinitos e parte para construir uma peça de mobiliário do zero. No final, quando o último parafuso é apertado e o móvel está de pé, o orgulho que você sente é imenso. Esse é o efeito IKEA: a mágica do “faça você mesmo” que transforma um simples objeto em uma conquista pessoal.

Além disso, fazer com as próprias mãos economiza tempo.

Você já reparou o tempo que gasta agendando um horário na manicure e se deslocando até o salão? Ou o tempo esperando um prestador de serviço vir até a sua casa para consertar a sua máquina de lavar roupas?

Eu e o aposentado fomos os primeiros moradores do prédio justamente porque reformamos o Studio com as próprias mãos. Enquanto a maioria dos moradores teve que esperar meses, equilibrando uma agenda de pintores e marceneiros, a gente finalizou a reforma do Studio em 20 dias.

Passo número 7 – Cozinhe sua própria comida

Quando a gente faz uma lista de todos os nossos gastos, a maioria das pessoas se assusta com um item básico: o gasto com iFood (ou qualquer outro serviço de delivery que você utiliza).

Comprar comida pronta de restaurante é muito caro. Isso porque você tem que pagar não só pelos ingredientes, mas por uma série de outras coisas como o salário do cozinheiro, o aluguel do restaurante, o serviço do motoboy…

E eu sei que a sua principal desculpa é “eu não tenho tempo para cozinhar”.

Aqui a dica de ouro é planejamento. Use os finais de semana a seu favor e planeje suas refeições da semana. E tá liberado comprar itens de conveniência como uma salada pré-lavada ou cebolas picadas congeladas. Isso vai economizar muito tempo.

Como tudo, no começo vai ser mais difícil, mas com o tempo você pega a prática!

Como foi o processo para mim?

Quando comecei minha jornada para a independência financeira, um dos grandes vilões do meu orçamento eram os gastos com restaurantes (o iFood ainda não existia ou não era tão famoso).

Eu trabalhava em uma região com restaurantes caros e confundia lazer em São Paulo com sair para comer. Hoje sei que não são sinônimos, a cidade oferece muito mais opções de lazer do que só restaurantes!

Eu não sabia cozinhar, mas aprendi o que pude com a Rita Lobo. Quer aprender a fazer feijão? Digite “feijão panelinha” no YouTube e se surpreenda com as dicas de ouro da minha musa da cozinha.

Com o tempo, fui ficando tão craque na cozinha que a alegria do final de semana passou a ser convidar os amigos e familiares para experimentarem as minhas novas descobertas! Todo mundo economizou com isso, e eu ganhei o título de “boa cozinheira”!

Como isso vai deixar a sua vida melhor?

A Rita Lobo tem um mantra que eu amo: “comida saudável é comida feita em casa!” E eu assino embaixo.

Quando você cozinha, você controla a qualidade dos alimentos e o tamanho da porção da sua refeição, dois itens-chave para uma alimentação saudável.

Fora que os restaurantes sabem que o nosso cérebro adora sal e gordura, então eles capricham nesses itens pouco saudáveis. Eu nunca consegui fazer um brownie molhadinho em casa porque nunca tive coragem de colocar toda a manteiga e açúcar que a receita requer!

Cozinhar em casa, além de te ajudar a economizar, vai te deixar mais saudável. Quer um sinal claro disso? Veja seus amigos mais viciados em iFood e repare em quanto eles estão mais cheinhos desde a pandemia!

Passo número 8 – Deixe o carro em casa

Outro vício maligno para as nossas finanças é o carro. Por que o carro tem que ser a sua primeira opção de transporte?

Quando você for se locomover, pergunte-se: dá para ir a pé? De bicicleta? De transporte público?

A sua última opção deveria ser tirar o carro da garagem ou pedir um Uber.

Aliás, aproveite esse exercício para calcular quanto o seu carro custa por ano. Pense no valor do IPVA, do seguro, quanto você gasta com gasolina, estacionamento, multas de trânsito, e os custos altos de manutenção. Pense também no custo de oportunidade de ter o dinheiro alocado em um ativo que deprecia, ao invés de comprar um ativo financeiro que valoriza com o tempo.

Talvez essas contas deixem claro que ter um carro não faz sentido para você. Ou que você precisa de um carro mais econômico.

Como foi o processo para mim?

Eu vendi meu carro em 2016 e, desde então, não sinto falta.

Ao optar por não ter um carro, percebi que isso não apenas economizava dinheiro, mas também me incentivava a adotar um estilo de vida mais ativo e saudável.

Sem um carro, passei a caminhar e usar transporte público com mais frequência. Essa mudança não só me fez exercitar mais, mas também me permitiu desfrutar da cidade de uma maneira totalmente nova. Descobri novos lugares, explorei diferentes bairros e entrei em contato mais próximo com minha comunidade local.

Além disso, caminhar para compromissos e atividades rotineiras acabou se tornando uma oportunidade preciosa para fortalecer os laços com meu marido. Sem as distrações de um carro, temos a chance de passar horas conversando enquanto caminhamos lado a lado. Esses momentos se transformaram em oportunidades de conexão e intimidade, nos permitindo compartilhar nossos pensamentos, sonhos e preocupações de uma maneira mais profunda. E o interessante é que um estudo recente até mesmo aponta que caminhar juntos é uma ótima forma de resolver conflitos.

Como isso vai deixar a sua vida melhor?

Uma das maiores ameaças à nossa saúde hoje em dia é o sedentarismo. A gente fica na frente da TV até chegar próximo da hora do nosso compromisso e, então, embarcamos no nosso carro rumo ao destino.

Mas se você decidir ir a pé, vai ter que sair antes. Isso significa menos tempo na frente da TV e mais tempo se exercitando e aproveitando a vida lá fora.

E, como diz uma peça publicitária famosa por aí: “a vida acontece lá fora”. Deixe o carro em casa e se surpreenda com o que você pode descobrir ao ar livre!

Passo número 9 – Elimine gastos contraditórios

Você sabe qual é o estilo de vida que faz sentido para você?

Se você paga uma academia cara porque isso é importante para você, então comece a encarar a sua academia como lazer. Cancele outros gastos com lazer que são contraditórios, como a TV a cabo e as inúmeras assinaturas de streaming. Se você prioriza ser ativo, por que ter um cardápio irrestrito de programas que vão te deixar preso ao sofá?

Agora, se você é uma pessoa que gosta de ficar em casa e ama maratonar uma série, então cancele a academia e aprenda a malhar em casa.

E, por favor, nunca vá de carro para a academia. Esse é o gasto contraditório mais absurdo nos dias de hoje: pessoas que vão de carro e ficam 10 minutos na esteira para aquecer o corpo!

Como foi o processo para mim?

Quando nos aposentamos, a ideia era viajar o máximo de tempo possível. E foi assim nos primeiros anos. Então, decidimos que não faria sentido manter uma moradia cara em São Paulo e nos mudamos para um apartamento tipo studio, de 27 m².

Era pequeno? Sem dúvidas. Mas isso fez com que a gente passasse 3 meses na Europa sem culpa, com o benefício de poder alugar nosso studio no Airbnb durante o período, o que ajudou a arcar com o custo de moradia na Europa.

Como isso vai melhorar a sua vida?

Lembra do nosso primeiro passo? Definir o seu objetivo?

Isso é crucial aqui também. Para viver uma vida que realmente faz sentido para você, é necessário fazer escolhas que estejam alinhadas com os seus valores e metas.

Eliminar gastos contraditórios é como afinar um instrumento: cada ajuste que você faz aproxima mais a sua vida da harmonia que você deseja alcançar. Quando você direciona seus recursos para aquilo que realmente importa para você, cada gasto passa a ter um propósito claro e a vida se torna mais coerente e satisfatória.

Lembre-se, cada pessoa é única, com prioridades e orçamentos diferentes. Se algo é importante para os outros, não significa que deva ser importante para você. Gaste seu dinheiro de maneira que reflita a vida que você quer viver, não a vida que os outros esperam que você tenha.

Passo número 10 – Aprenda a se divertir sem gastar dinheiro

Hoje é segunda-feira, o que significa que você tem a semana inteira para planejar um final de semana sem gastos.

Para isso, use sua maior aliada no corte de despesas: a criatividade.

Em vez de ir a um restaurante, embrulhe seu almoço caseiro e vá comer no parque. E não se preocupe em comprar uma toalha ou cesta de piquenique; aquela canga velha e uma mochila servem perfeitamente.

Saia para caminhar com seu parceiro, sem destino definido, e descubra os segredos do seu bairro.

Se você mora no Rio ou em São Paulo, pesquise atividades culturais gratuitas no site Catraca Livre.

Como foi o processo para mim?

Um belo dia, meu marido e eu percebemos que o que mais gostávamos nas nossas viagens era passar o dia todo ao ar livre. Nas viagens, andávamos horas pelas ruas, mas em São Paulo, tínhamos a mania de ficar em casa.

Então decidimos que nossos finais de semana seriam dedicados a estar ao ar livre. Foi assim que descobrimos uma São Paulo repleta de eventos gratuitos, exposições fantásticas que, às vezes, cobram menos de R$10 para entrar, e inúmeros parques que fazem você esquecer que está numa selva de concreto por algumas horas.

Mudei completamente minha relação com São Paulo quando descobri que a cidade oferece muito mais além de shoppings e restaurantes. E essa alternativa é não só mais barata, mas também muito mais interessante!

Como isso vai deixar a sua vida melhor?

Você costuma reclamar dos altos impostos que paga, certo?

Acontece que uma parte desses impostos é usada para oferecer atividades gratuitas na cidade onde você mora, e muitas vezes você nem aproveita.

Essas atividades já estão pagas. Então, por que gastar em dobro indo a um evento caro, como um show de um artista internacional?

Aproveitar os eventos gratuitos que a prefeitura da sua cidade oferece pode trazer uma sensação de retorno pelo que pagamos em impostos. E você vai perceber que se divertir dessa forma é muito mais prazeroso do que parece.

Eu sei, um show patrocinado pela prefeitura pode parecer menos glamouroso que um show no Allianz Parque. Mas quando você descobre a magia de se contentar com coisas simples, você está no caminho certo para o sucesso financeiro.

Passo número 11 – Reduza a frequência dos gastos

Uma das maneiras mais simples de reduzir nossos gastos fixos é diminuir a frequência com que eles ocorrem.

Em vez de pagar uma faxineira toda semana, considere contratar o serviço a cada quinze dias. Ao invés de fazer as unhas no salão semanalmente, reserve essa indulgência para ocasiões especiais. E, ao invés de pagar por um personal trainer em cada ida à academia, contrate-o apenas uma vez por mês para elaborar um treino que você possa seguir.

Como foi o processo para mim?

Por muito tempo, decidi que não gastaria nem um centavo em idas ao cabeleireiro. Aprendi a cuidar do meu próprio cabelo e percebi que o hábito de tirar cutículas toda semana, ao invés de intervalos maiores, era o que deixava minhas unhas mais fracas e feias.

No início, foi desafiador. Aprender qualquer nova habilidade requer paciência e prática. Além disso, eu ainda estava desenvolvendo os meus “músculos” da frugalidade. Mas com o tempo, essas tarefas se tornaram mais fáceis e naturais.

Mas uma coisa permaneceu difícil para mim: aplicar tonalizante sozinha para cobrir os fios brancos. Hoje, decidi que esse é um gasto que faz sentido manter, e prefiro pagar para que alguém faça isso por mim.

O que esse processo me ensinou é a importância de discernir o que realmente preciso terceirizar e o que posso fazer por conta própria.

Como isso vai melhorar a sua vida?

Lembro de ter lido uma vez que, no Brasil, confundimos vaidade com higiene.

Manter a casa impecavelmente limpa todos os dias é mais uma questão de vaidade do que de higiene real. O mesmo vale para unhas perfeitamente feitas.

É importante entender que essa redução de frequência é uma escolha temporária. Você fará esse esforço pelos próximos 5 ou 10 anos e, em troca, ganhará liberdade financeira pelo resto da vida.

O foco não deve ser no que você está abrindo mão, mas sim no que está conquistando.

Passo número 12 – Defina um orçamento

Finalmente, chegamos ao último passo desta série, e ele é o mais importante de todos.

Você precisa estabelecer um orçamento para seus gastos. Defina um limite para seus custos fixos, variáveis e esporádicos. Comece a semana determinando quanto você pretende gastar no cartão de crédito.

Talvez o ponto mais importante: faça um orçamento anual para despesas como viagens, presentes e compras pessoais. Use esse orçamento como um compromisso com você mesmo. Aprenda a dizer “não” quando surgir algo fora do planejado, ou ajuste suas prioridades caso novas demandas apareçam ao longo do ano.

Como foi o processo para mim?

Eu adotei uma meta semanal para os meus gastos com cartão de crédito. Essa meta me ensinou a dizer “não” de forma menos dolorosa. Quando uma amiga me convida para jantar, mas eu já atingi minha meta da semana, não preciso dizer que não posso ir—apenas que não posso naquela semana.

Esse intervalo entre o desejo de consumir e o ato de consumir de fato me ajudou a evitar muitas compras por impulso. Além disso, meu marido e eu sempre fazemos um orçamento anual para nossas viagens, e seguimos esse planejamento rigorosamente. Isso nos permitiu realizar viagens incríveis, sem o peso na consciência por gastar grandes quantias. Se está no orçamento, é porque podemos!

Como isso vai melhorar a sua vida?

Ter um orçamento é dizer para o dinheiro aonde ele deve ir, em vez de se perguntar para onde ele foi.

Não encare a vida com um orçamento como um sacrifício, mas sim como uma reorientação dos seus gastos.

Eu não escolhi “viver uma vida miserável com pouco dinheiro”. Eu escolhi “viver uma vida com liberdade ainda jovem, sem esperar até os 60 anos para me aposentar”.

Com um orçamento definido, ficará claro quanto você pode poupar. E sua taxa de poupança é o que determinará quantos anos de trabalho você ainda tem pela frente.

O gráfico a seguir deve ser o seu guia:

É com essa visão em mente que você deve montar o seu orçamento.

Com isso, chegamos ao final deste desafio. Espero que, neste momento, seu objetivo financeiro esteja claro. Se você sabe por que poupa e qual vida almeja no futuro, não será difícil reduzir a frequência dos gastos, cozinhar seu próprio alimento e deixar o carro em casa.

Ter um destino claro para suas finanças é o que torna esses pequenos sacrifícios mais suportáveis. Não se trata de privação, mas de estruturar sua vida e gastar apenas com o que realmente importa.

E espero que o que mais importe para você seja adquirir ativos financeiros que o aproximem, dia a dia, da sua independência financeira!

7 respostas

  1. Olha eu comentando novamente hahaha Que estimulante participar desses desafio e adorei saber o seu processo. Venho estudando sobre o estilo frugal há um bom tempo e já aplico esses passos na minha vida e mesmo assim tem sido maravilhoso participar desse desafio porque é sempre bom repensar os nossos gastos visando uma vida com conforto e sem desperdícios. Cada passo que você tem colocado aqui tem me ajudado a revisitar e melhorar mais. Ansiosa pelo sexto passo. Gratidão 🙏🏻

  2. Te conheci através do podcast “Talvez você deva falar sobre dinheiro”. Fiquei muito feliz em saber que você tinha um blog, porque não tenho redes sociais e estou maratonando todos os seus textos. Sua iniciativa em compartilhar a jornada pessoal rumo à independência financeira é verdadeiramente admirável. A forma aberta e genuína com que você divide suas experiências não só nos inspira a perseguir nossos próprios sonhos de liberdade financeira, mas também nos orienta com a sabedoria prática de quem trilhou o caminho. Você nos mostra que, com determinação e planejamento, é possível alcançar a autonomia que tanto desejamos. Seu exemplo ilumina o caminho para todos nós, e sua generosidade em compartilhar essas lições faz toda a diferença em nossas próprias jornadas. Já pensou em ter um podcast também? Beijos

    1. Oi Luciane!
      Estou adorando seus comentários aqui! Esse tipo de comentário dá um combustível tremendo para motivação de continuar escrevendo aqui.
      E por muito tempo não tive redes sociais, então entendo a sua alegria de poder acompanhar quem a gente gosta fora das redes ;)
      Já pensei em fazer um podcast sim, mas já dedico muito tempo ao AA30 (blog + Instagram). Se eu colocar um podcast, é menos tempo para curtir as outras coisas que eu gosto tb ;)

  3. Definir seu objetivo na vida parece uma coisa simples mas concordo que é fundamental. A maioria das pessoas nao tem isso claro. Eu mesmo por muito tempo nao tinha esses conceitos (do quao penoso seria trabalhar até os 65 anos por ex) . A sorte foi que eu sempre fui economico e consegui economizar. Quando “caiu a ficha” do quao incrivel/necessário é a independencia financeira, já tinha um patrimonio, entao nao falta muuuito tempo pra chegar lá. Imagino que se der esse “estalo” tardiamente numa pessoa que nunca economizou e nao formou um patrimonio, deva ser um choque de realidade pior..

    1. Exatamente! Simples, mas fundamental. Não tinha como começar esse desafio por outro caminho.
      É muito importante definir onde a gente quer chegar nessa vida. Quando minha ficha caiu para IF, ficou mais fácil fazer escolhas no dia a dia com esse objetivo tão claro.

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