Não dê presentes no Natal, dê seu tempo!

Quando eu fiquei noiva, eu passei a pesquisar sobre como seria a festa de casamento ideal para mim. Meu projeto FIRE já estava de pé, então gastar uma fortuna para celebrar nossa união não estava nos planos. E foi aí que eu achei um texto muito inspirador na internet. Esse texto dizia que o presente ideal para os noivos seria os convidados escreverem cartas relatando suas experiências com casamento e dicas sobre o que faz um casamento feliz. O texto ainda lacrava ao dizer que o que os convidados dariam de presente era algo muito valioso: o tempo deles. Para escrever essa carta, os convidados teriam que gastar um tempo pensando sobre o casal e em como aconselhá-los. Infelizmente não salvei a fonte do texto e não consigo compartilhar com vocês.

Mas essa ideia de que o melhor presente que podemos dar aos outros é o nosso tempo ficou gravado em mim. Vários estudos apontam como as crianças valorizam o tempo com os pais, mais do que ganhar presentes. Mas eu acredito que isso não é exclusividade dos mais novos! Todos nós gostamos de ser lembrados por alguém, de ser convidados para tomar um café ou de receber uma mensagem carinhosa. Então por que gastamos energia e dinheiro comprando presentes caros?

No Natal de 2016 eu tomei uma decisão: eu não compraria presentes para ninguém naquele ano. É claro que eu também dispensei presentes para mim. Mandei uma mensagem para meus familiares e amigos mais próximos comunicando a minha decisão, e disse que se quisessem me presentear nesse Natal então poderiam me escrever uma carta, me convidar para um café ou simplesmente me ligar para bater um papo. E reforcei que o melhor presente que podemos dar para uma pessoa é o nosso tempo.

Todos receberam bem minha decisão. Foi surpreendente e contagiante. Nós temos primos pequenos e minha irmã sempre comprava um brinquedo para eles no Natal. Inspirada pela minha mensagem, ela optou por um “vale um dia no cinema”. Nas férias de janeiro, ela levou meus priminhos ao cinema nas férias e comeram um lanche no McDonalds, o que custou muito menos do que os presentes que ela dava nos natais anteriores. Depois de um mês, eles precisaram contar na escola qual foi o dia mais especial das férias. E um deles escreveu sobre o dia que minha irmã os levou ao cinema! Essa história ficou tão marcada na minha família que no último Natal repetimos “vale encontros” entre nós, principalmente com as nossas crianças. E tem sido muito especial.

O Natal costuma ser uma época estressante justamente porque nos impomos essa agenda maluca de compras de presentes. Sei que a decisão de chegar de “mãos vazias” no Natal parece um tanto quanto constrangedora. Mas que tal questionar a sua família sobre essa necessidade? Que tal ligar para os amigos mais próximos e marcar um encontro para dividir o que foi especial esse ano, sem a necessidade de fazer um amigo secreto para dar presentes?

Eu amo o Natal, amo as decorações, as músicas. Amo aquela sensação de dever cumprido com o fim de ano.  E a data passou a ser muito mais especial agora que eu não preciso mais comprar presentes! Aproveito essa época do ano para me encontrar com as pessoas que amo e dar a elas algo muito valioso: o meu tempo com elas!

Topam fazer o mesmo?

Se você era um leitor atento do extinto Sempre Sábado, provavelmente se lembra desse post. Mas reli e achei ele tão atual que vale um repeteco. Já se passaram 6 natais desde que eu aboli presentes e continuo achando que foi a melhor decisão!

Feliz Natal queridos leitores e espero que não tenham usado essa época para “comprar” o amor das pessoas! 

17 respostas

  1. Acho que o link para esse post está quebrado no índice geral. Só consegui acessar pela seção “vida frugal”.
    Ainda bem que insisti pra encontrar, pois gostei bastante!

      1. Fico feliz em ajudar! Você disponibiliza tanta informação valiosa e interessante aqui, que é muito bom poder contribuir!
        Adoro a ideia da comunidade FIRE e estou tentando chegar lá também. Ler a respeito é, de certa forma, como conversar com alguém sobre o assunto (algo que não é tão fácil de acontecer no dia a dia). Obrigado!

  2. Ah e eu pensei em outra coisa, me perdoe por voltar! Como também trabalho com moda, as vezes dou um voucher do meu tempo, bem como diz o seu título do texto…Então eu faço uma doação de uma coloração pessoal, um dia de looks, arrumação de armários ou então faço permutas de serviços com algumas pessoas que também tem interesse nos meus serviços. Adoro fazer estas trocas! Você já leu “Small is beautiful”? acho que vai gostar muito :)

  3. Excelente o seu blog, acabei de descobrir por acaso rs. É muito bom ver pessoas que atingiram a IF compartilharem suas experiências, motivam bastante!

    Em algum post você detalha como foi sua trajetória até atingir a IF? Profissão, nível de poupança, etc.

    Abs e boas festas!

    1. É inovadora, sem dúvidas.
      Uma amiga me ensinou outra ideia que eu pretendo propor no próximo natal: o amigo elefante branco.
      Seria um amigo secreto em que as pessoas dão de presente algo que elas tem mas não dão mais valor, mas que acham que teria valor para o amigo. O famoso “one man’s trash is another man’s treasure”. Eu achei sensacional!

  4. Gostei muito do seu post, especialmente quando você fala sobre dividir o que foi especial no ano que está acabando.

    Em um mundo que induz tanto ao consumo estressante e “obrigatório” dessa época, nada melhor do que buscar viver essa época do ano de forma mais leve e mais significativa.

    Abraços,
    simplicidadeeharmonia.com

    1. Pois é, final de ano é tão cheio de significados!
      A melhor mensagem que recebi de final de ano foi de um amigo que me perguntou “o que você aprendeu em 2022 que você gostaria de levar para 2023?”. Eu fiquei horas pensando nas lições desse ano, e aprendi mais sobre mim mesma com essa reflexão que ele propôs. Foi um belo presente que ele me deu! E sou grata a isso!

    1. Ótimo ponto Fabi!
      Nossa sociedade foi ficando mais rica, o que é ótimo. Mas isso possibilitou uma distorção de valores e Natal passou a ser cada vez mais uma data comercial.
      Quando eu era pequena, eu ganhava apenas um presente dos meus pais. Eu tinha que escolher com calma, avaliar as opções. Essa “restrição” me fazia valorizar muito aquele único presente!
      Hoje vejo as crianças ganhando dezenas de presentes no Natal, e não consigo deixar de pensar que talvez isso diminua o valor do presente para a criança. Enquanto os adultos que compram esses presentes estão cada vez mais presos no ciclo “trabalho, consumo”. E reclamando do estresse do fim de ano!
      Cabe a nós resgatar a essência do Natal e mudar isso!

      1. Eu e minha irmã também ganhávamos apenas um presente de natal e tínhamos que escolher muito bem. E que alegria as vezes em que ficávamos na dúvida entre duas coisas, escolhíamos uma e nossos pais nos surpreendiam dando as duas coisas hehehe. Mas sabíamos que isso não acontecia todo ano, então não ficávamos mal acostumadas.

        1. Eu também lembro dessa alegria genuína de receber um presente que você queria tanto!!! E também lembro que desde pequena eu percebia que aquela boneca que eu tanto queria, depois de alguns dias, já não me trazia tanta felicidade assim. A alegria estava muito mais na antecipação do presente do que no presente de fato!

  5. Primeiramente queria dizer como estou feliz que fez esse blog. Fiquei um bom tempo acompanhando vcs no “sempre sábado”, adorava ler as histórias de vcs.

    Realmente tem que avisar que não quer receber presentes e tb não vai dar presentes. A sociedade funciona diferente de uma mente FIRE.

    Alguns assuntos que gostaria que vc abordasse. Pode ser respondendo minhas perguntas aqui mesmo ou então em textos futuros.

    1) Alguns FIRE voltam a ativa depois de um tempo por causa do ócio. O que pensa a respeito, e como contorna essa situação?
    2) Agora já “aposentada” vc se preocupa só com a inflação? Não pensa em investimentos que possam aumentar seu patrimônio?

    Acho tão estranho pensar em juntar 3 milhões e daqui 15 anos ter os mesmos 3 milhões e ir retirando apenas os juros. Na minha cabeça, por menor que seja, o Patrimônio deveria continuar crescendo.

    3) Investe em imóveis físicos por causa da diversificação? Não te preocupa a vacância?
    4) LCI, LCA e LGI não são poucos ativos? Imagina uma pessoa que tem 5 milhões pra investir em RF. E vai alocar 250k em cada banco por causa do FGC. Teria que alocar seus recursos em 20 bancos!!!

    Obrigado

    1. Oi Paulo!
      Obrigada pelas sugestões para os próximos posts. Isso ajuda muito!

      Mas escrevendo de forma rápida sobre os seus pontos, eu diria:

      1. O mais importante é se aposentar para fazer algo. Aproveite o tempo longo da jornada FIRE para imaginar e já colocar em prática atividades que vão ocupar seu tempo na aposentadoria. Escrevi mais sobre minha vida no post “a vida de aposentada como ela é”.

      2. Entendo seu ponto!
      FIRE não significa parar de trabalhar. Mas sim mudar a mentalidade de “gerar renda a qualquer custo para ter liberdade” para “gerar renda como consequência de atividades produtivas que são prazeirosas”. Eu tenho novas fontes de renda na vida FIRE e pretendo escrever um post sobre isso.
      Mas mesmo sem essas fontes de renda extras, ainda acho que meu patrimônio vai crescer além da inflação. Afinal de contas, 4% de retirada deveria ser o pior cenário segundo o estudo!

      3. Invisto e já tenho um post pronto e em fase de revisão sobre isso ;) Vacância é um risco e tem que entrar na conta!

      4. Acho que quando você ultrapassa o limite do FGC, vale arriscar com outros ativos que pagam mais como debêntures. Ainda assim, acho que uma carteira de imóveis, ETF de bolsa americana em dólar e renda fixa isentas de IR são uma combinação ótima para qualquer nível de patrimônio. Não acho que optar por gestão ativa (como fundos) ajude na diversificação de risco. O risco da gestão ativa deve ser evitado ao máximo!

      Abs e obrigada mais uma vez pelas perguntas ;)

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